Por:Jussara Faria Cestari
O artigo apresenta o acervo maçônico do Museu Histórico Nacional composto de 15 peças, e procura de forma concisa analisar a importância da presença maçônica na formação da idéia de nação bem como a da restauração desse acervo. Tendo como destaque duas peças de indumentária o avental e faixa supostamente pertencente a D. Pedro I.
Introdução
O Museu Histórico Nacional desde a sua criação em 1922 seguia os moldes da historiografia voltada para grandes feitos históricos modelo dos museus franceses após a Revolução Francesa. O acervo coletado era baseado nessa característica de recolher o que representasse seguimentos da sociedade relativo a fatos políticos, histórico, heróico ou de caráter exótico.
Essa construção e idéia de liberdade era considerada como um atentado contra a coroa portuguesa, para evitar a pena capital, e dissimular os ideais de liberdade e as perseguições surgem às academias onde os maçons se reuniam e por isso se apresentavam como associações literárias para disfarçar as suas reais intenções.
A Maçonaria tem como proposta ser uma instituição filosófica, filantrópica, educativa e se caracteriza por ser progressista onde a Liberdade, Igualdade e Fraternidade são seus fins supremos. Considerando a importância da instituição maçônica no processo histórico do Brasil, optamos em analisar o acervo maçônico do Museu Histórico Nacional, que é composto, no momento de quinze peças, devidamente identificadas, necessitando de pesquisa em relação à simbologia, o que em nada invalida a análise deste acervo.
O cervo maçônico utilizado como utensílios do cotidiano em sua época, contem elementos artísticos em suas composições, como por exemplo: a xícara de consomê em porcelana do Visconde de Vieira da Silva[2], personalizada com sua figura, bem como o tinteiro de ferro fundido e pintado que pertenceu ao Barão de Torres Homens onde um crânio humano com tíbias cruzadas, representa a putrefação alquímica, e as tíbias cruzadas fazem referência à cruz de Santo André que simboliza a perfeição espiritual. Logo, seu proprietário era um Mestre pois essa simbologia é uma das quais representam o 3º grau maçônico.
Afora, utensílios utilitários, o Museu Histórico Nacional tem sob sua guarda instrumentos autênticos utilizados em rituais maçônicos, destaco duas peças de indumentária: O avental, adorno essencial do Maçom, símbolo do trabalho e faixa, que lembra o talabarte, um signo da ação, de uso não obrigatório, que supostamente pertenceram a D.Pedro I, doação da Viscondessa Cavalcanti.
A Faixa
A faixa, por ser um adorno não obrigatório nos rituais, os símbolos bordados que a ornam são facultativos. Usada do ombro direito ao flanco esquerdo tem sua cor e características de acordo com o Rito.
Acima do triângulo a cruz de malta em vermelho, que representa o eixo do mundo, simbolizando as virtudes espirituais e o ardente amor por Deus e pelo próximo. Está fixada por um suporte de filó.
Na face detrás da faixa inúmeros círculos e estrelas bordados com fios metálicos e lantejoulas. Bem como, toda sua borda. Na união da faixa uma aplicação em forma de rosácea ladeada de folhagem, findando a extremidade com uma borla metálica.
Acervo maçônico sob a guarda do Museu Histórico Nacional:
Malhete ou maço - espécie de martelo em metal dourado que supostamente pertenceu a D. Pedro I
Espadim em cobre e aço dourado
Xícara de Consome em porcelana
Caneta de ouro e brilhante
Gládio ou espada de dois gumes em aço
Avental Maçônico em tecido bordado com fios dourados
Faixa Maçônica tecido bordado com fios dourados
Distintivo em algodão bordado com fios dourados e pedras lapidadas (fragmento)
Distintivo em algodão bordado com fios dourados, paetês e uma pedra vermelha lapidada (fragmento)
Distintivo em algodão bordado com paetês, miçangas e pedras vermelhas lapidadas(fragmento)
Distintivo em algodão bordado com fios dourados e paetês (fragmento) - registro nº 017.700
Avental Maçônico em seda e veludo
Faixa Maçônica em seda com fios metálicos
Tinteiro em ferro fundido e pintado
Leque em madrepérola, papel e metal
Considerações Finais
O conhecimento através de estudos antropológicos sob diversos aspectos sociais e culturais de um povo utilizando-se os acervos implica numa participação ativa da sociedade na vida pública, em alguns aspectos se pode reescrever fatos da história de uma nação levando o indivíduo a refletir para questionar, seu passado no presente, buscando um melhor posicionamento para o futuro, mais do que um direito individual, se assume um dever perante o coletivo.
O acervo maçônico sob a guarda do Museu Histórico Nacional tem por característica nos remeter a uma parte da história da formação da idéia de nação brasileira. As lutas e os ideais de homens que se destacaram em nossa sociedade, nobres, clérigos ou comuns merecem ser “restauradas” e apresentadas nas instituições museais.
Notas
BOUCHER,Jules. A Simbólica Maçônaria. Editora Pensamento. 1979 São Paulo-SP
[1] Do gr. Áreios págos, 'colina de Marte (Ares, na mit. gr.)', pelo lat. Areopagu. Tribunal ateniense, assembléia de magistrados, sábios, literatos, etc.: Dicionário Aurélio 2007
[2] Senador do Império (1871 / 1889) . Província do Maranhão (14ª e 20ª legislaturas)
[3] pequena aba
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